terça-feira, 2 de junho de 2015

Fabricante russo diz que voo MH17 foi derrubado por míssil na Ucrânia

Análise dos danos na fuselagem concluiu que houve impacto de projétil.

Míssil foi disparado por um Buk-M1; 298 pessoas morreram.

Funcionário do Ministério de Emergências trabalha em local da queda do voo MH17,
no leste da Ucrânia, no dia 13 de outubro - Foto: Reuters/Shamil Zhumatov

O fabricante russo de sistemas de defesa antiaérea "Almaz-Antei" reconheceu nesta terça-feira (2) que o voo MH17 da Malaysia Airlines - derrubado no leste da Ucrânia com 298 passageiros a bordo em 2014 - foi alcançado provavelmente por um míssil disparado desde a plataforma de lançamento Buk-M1, fabricada até 1999 pelo consórcio russo.

A análise dos danos na fuselagem do Boeing que em agosto de 2014 caiu em uma zona do leste da Ucrânia controlada pelos separatistas pró-Rússia, conclui de forma preliminar que o avião recebeu o impacto de um projétil disparado por um Buk-M1, assegurou em entrevista coletiva o diretor-geral do consórcio, Yann Novikov.

A peculiar forma dos estilhaços tirados da fuselagem do Boeing-777 de Malaysia Airlines, em poder do fabricante russo apenas desde o mês de março, não deixa dúvidas que "o ataque foi perpetrado por um lança-mísseis terra-ar, que só pode se tratar de um Buk-M1" e um míssil 9M38M1, precisou Novikov.

"Temos provas irrefutáveis de que este tipo de mísseis estão à disposição na Ucrânia", denunciou ao mesmo tempo o diretor-geral da "Almaz-Antei", que assegurou que o consórcio revisou a pedido de Kiev o arsenal ucraniano em 2005 e constatou que nesse momento o Exército desse país tinha 991 projéteis 9M38M1.

O diretor-geral negou, no entanto, responder a qual país pertencia o míssil disparado contra o MH17, embora ressaltou que os projéteis desse tipo foram tirados de produção em 1999, três anos antes que a maioria dos fabricantes russos de sistemas de defesa antiaérea se integrassem ao consórcio "Almaz-Antei".

Destroços do avião da Malaysia Airlines um dia após queda no 
leste da Ucrânia - Foto: Dominique Faget /AFP Photo

Por outro lado, o relatório apresentado pelo fabricante assinala que o míssil não foi lançado desde a cidade de Snezhnoe, então controlada pelos rebeldes, mas desde as proximidades de outro núcleo urbano, Zaroshinskoe, em mãos das forças ucranianas.

Aparentemente, os especialistas de "Almaz-Antei" demonstraram que o impacto do míssil no aparelho foi lateral, enquanto se tivesse chegado desde Snezhnoe teria sido frontal.

O consórcio considera que foi a tragédia do Boeing malaio o que provocou que a companhia fosse incluída na lista de empresas russas sancionadas pela União Europeia por causa da crise da Ucrânia. 

"Queremos demonstrar que o consórcio não tem nada a ver com a tragédia no céu sobre a Ucrânia e que, em consequência, as sanções econômicas que foram aplicadas são infundadas e não ajustadas", se queixou Novikov.

O voo MH17 fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur e sobrevoava o leste da Ucrânia quando foi alcançado supostamente por um míssil, acidente no qual morreram seus 298 ocupantes.

Quase um ano depois, a investigação do acidente, liderada pelos Países Baixos, está longe de concluir, como reconheceu recentemente o ministro holandês de Segurança e Justiça, Gérard Adriaan van der Steur, que qualificou o processo de "muito complexo" e evitou falar de prazos para esclarecer as causas da tragédia.

Fonte: EFE via G1

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