quinta-feira, 14 de março de 2013

Como funcionam e quais são os tipos de assentos ejetáveis?

Você provavelmente já deve tê-los visto em ação em algum filme, então saiba mais sobre este tipo de assento que pode salvar a vida de um piloto.

Imagem: Força Aérea dos Estados Unidos

Se você já viu algum filme de ação com aviões, é bem provável que já tenha visto um assento ejetável em ação. Olhando, tudo parece extremamente simples: a aeronave está danifica e o piloto precisa salvar a sua vida, então ele pressiona um botão ou puxa uma alavanca, a redoma que cobria a cabine se rompe e ele voa pelos ares, caindo de paraquedas são e salvo.

Apesar de ser simples descrever o que acontece quando uma alavanca de ejeção é pressionada, o funcionamento deste tipo de mecanismo é um pouco mais complicado do que o cinema faz parecer. Afinal, ele é composto por vários dispositivos que, juntos, permitem ao piloto abandonar a aeronave de forma relativamente segura durante um momento crítico.

Um pouco além do básico

Um banco ejetável é, a princípio, basicamente igual a qualquer outro assento para pilotos. Ele é composto pelo assento, pelo encosto e também por um apoio para cabeça. De fato, as diferenças entre um banco convencional e um ejetável estão os itens que ficam ao redor dele.

O assento é afixado em trilhos, pelos quais ele sobe quando o sistema de ejeção é ativado. Este sistema pode ser baseado em um mecanismo explosivo ou de balística — é isso que faz com que a cadeira seja disparada junto com o piloto.

Imagem: Flight Global

Se o tipo utilizado é explosivo, iniciadores carregados com material explosivo são acionados e expelem a cadeira da aeronave. Quando a ejeção é feita via método balístico, uma catapulta (que pode contar com a ajuda de foguetes para um lançamento ainda mais alto) é responsável por ejetar o banco juntamente do piloto.

Um vídeo postado no YouTube mostra uma comparação entre um sistema puramente balístico, com o uso de cartuchos, usado em aeronaves antigas e o primeiro a aparecer nas filmagens, e sistemas “mistos”, que usam catapultas e foguetes de propulsão juntos — que apareceram por último e são mais comuns atualmente.

É possível notar que o segundo método é mais eficaz, pois eleva o piloto para mais longe da aeronave, aumentando a chance de sobrevivência.

Pelos ares

A ejeção é rápida e, dependendo do banco e do método utilizado, pode levar menos de 1 segundo. Após ser iniciada, uma escotilha é aberta no canopi (a redoma da cabine) ou então “chifres” metálicos presentes no topo do encosto da cadeira rompem a proteção, permitindo que o banco seja ejetado. Existem ainda outros tipos de ejeção (veja isso logo abaixo).

Um dos tipos mais comuns de ejeção é o ACES II (sigla em inglês para Assento Ejetável de Conceito Avançado, modelo II). Ele conta com um foguete propulsor embaixo do assento, capaz de elevar o piloto a até 60 metros de altura quando acionado. Com isso, diminui-se o risco de colisão com a cauda da aeronave após a ejeção.

Já fora da aeronave, um gatilho dispara um paraquedas menor, responsável por reduzir a taxa de descida do assento e também por estabilizar a sua trajetória no ar. Após alguns instantes, o paraquedas grande é acionado automaticamente por meio de um sensor de altitude, quando também o assento é separado do piloto, caindo sozinho em direção ao solo.

Sistemas de ejeção

No sistema ACES II, assim que a ejeção é acionada, o canopi também se desprende da cabine, sendo liberado juntamente com o piloto. Um modelo já não usado mais atualmente é o Downward Track, que, em vez de disparar o piloto para cima, apenas soltava-o para baixo. Outro sistema até certo ponto ainda comum em aeronaves de baixa altitude é o Canopy Destruct (CD), que usa cabos explosivos dentro do canopi para destruí-lo na hora da ejeção.

Sistema ACES II, um dos mais comuns na atualidade
Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O Through-Canopy Penetration (TCP) funciona de forma semelhante, mas conta com “chifres” no topo do banco que servem para romper a redoma durante a ejeção. Tanto o sistema CD quanto o TCP exigem que o canopi seja feito de um material não flexível, afinal, ele deve ser rompido completamente.

O método Drag Extraction é um dos mais simples e leves sistemas de egressão conhecidos. Ele foi usado de forma experimental em uma série de aeronaves e constituía em usar o fluxo de ar que passa pelo caça como força propulsora que ejetaria a cadeira. Alguns funcionam apenas liberando o canopi e abrindo o paraquedas no ar, fazendo com que o piloto seja arrancado de dentro da cabine.

Há também o sistema Zero-zero, que serve para ejeções feitas com a aeronave parada sobre uma superfície (zero altitude e zero velocidade). Ela utiliza foguetes propulsores e paraquedas para expelir o piloto para o alto e de forma segura, podendo ser utilizada, por exemplo, após aterrissagens forçadas sobre a água.

História

Segundo o site Ejection History, a “pré-História” dos sistemas de ejeção começou em 1910, quando o britânico George A. Barns simplesmente pulou para fora de uma aeronave com problemas a uma altura de 10 metros de altura e ficou gravemente ferido.

Mas um método mais parecido com o atual surgiu apenas no final da Segunda Guerra Mundial, criado pelo britânico Sir James Martin. Ele foi ainda cofundador da empresa Martin-Baker, líder mundial da produção de assentos ejetáveis para aeronaves.

A partir daí, a indústria aeronáutica evoluiu diversos conceitos, elaborando métodos cada vez mais seguros e eficazes, com destaque para os exércitos dos Estados Unidos e também da extinta União Soviética. No Brasil, a primeira ejeção registrada é de 16 de maio de 1961, há mais de 50 anos.

Fontes: Poder Aéreo, HowStuffWorks, A Seminar Report on Ejection Seats, Ejection History via Douglas Ciriaco (Tecmundo)

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